Alexandre Rivas: Mestre e doutor em economia, pela Washington and Lee University (2005), doutorado em Economia Ambiental e Finanças Públicas – The University of Tennessee System (1998), mestrado em Finanças Públicas – The University of Tennessee System (1997) e Graduação em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (1988). Atualmente é professor titular do Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas, presidente do Instituto Piatam, professor Colaborador da Washington And Lee University (EUA), Economista Emérito conferido pelo Conselho Regional de Economia da 13a. Região do Amazonas. Consultor internacional na área de valoração ambiental. Atua, principalmente, na área de Economia Ambiental e dos Recursos Naturais, com ênfase na Economia dos Serviços Ambientais e valoração econômica do ambiente e análise de impacto ambiental de grandes projetos. Líder do Grupo de Pesquisa Economia dos Serviços Ambientais. Atualmente Alexandre é presidente do Instituto Piatam.

Sobre o Instituto Piatam: O Instituto de Inteligência Socioambiental e Estratégica da Amazônia (Instituto Piatam), com sede em Manaus, foi criado em fevereiro de 2007 e tem o objetivo de realizar atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento institucional, em prol da defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável atuando em diversas áreas relacionadas a esses temas. Uma das missões do Instituto é buscar alternativas como, por exemplo, na bioeconomia.
Ao longo da sua atuação, o Instituto desenvolveu competência e excelência na elaboração de pesquisa, na região Amazônica, uma vez que é oriundo do Projeto Piatam, criado em 2000 como um projeto da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O Piatam é credenciado junto à Ufam.

Doutor Alexandre Rivas, nos fale um pouco sobre a I Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (fespIM) e sobre o Polo Industrial de Manaus (PIM)

Estamos aqui para falar sobre a nossa atividade importante que é o Polo Industrial de Manaus (PIM), falar sobre a Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (Fespim), que é a Feira que nós estamos organizando, fazer a conexão desses dois assuntos. Essa Feira atinge a todos porque temos uma fortíssima relação de emprego e renda e uma atividade econômica que é baseada no Polo Industrial.

Já foram realizadas em Manaus, outras feiras semelhantes à Fespim. Nos explique o diferencial desse novo evento

Existiram algumas versões anteriores, mas a que estamos apresentando para a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) é uma proposta de fazer uma mostra, uma contribuição dentro desse processo de mudança, reconstruir na cabeça das pessoas, reconstruir nos negócios a visão e a importância do Polo Industrial de Manaus, fazer essa conexão dessa visão de negócios com a questão da conservação da Amazônia. Nós fizemos um trabalho em 2009, que contou com a participação, o apoio da Suframa e o financiamento da Fundação Nokia, esse trabalho foi um estudo que comprovou cientificamente, com métodos rigorosos e com avaliação internacional, que existe uma relação positiva entre o PIM e a conservação da floresta, ou seja, que o Polo contribuiu para a preservação da floresta.

Mas com a divulgação desse estudo, o senhor pensa que houve mudanças na sociedade, em relação ao pensamento dessa vertente PIM X Preservação da Floresta?

Então, por 10 anos, o discurso político mudou, mas mesmo assim ainda existiam uma e outra fonte que duvidava se isso era realmente importante, porque as pessoas falavam: “Ah não, é porque é longe, tá preservado porque é longe”. Aí eu falo sempre o seguinte: “A China é longe ou é perto?” Então, longe é um lugar que não existe, como dizia Fernão Capelo Gaivota. Mas esse ano de 2019, um conjunto de indústrias financiou um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo e o estudo é exatamente a linha que nós fizemos, inclusive, em suas conclusões, no capítulo 3, têm duas referências ao nosso trabalho, dizendo em outras palavras, que o estudo confirma nossa tese.

O conceito ambiental da preservação, conservação é considerado um potencial do AM. Nos fale um pouco

Em dez anos, nunca aproveitamos esse potencial que nós temos que aflorou agora com essa questão das queimadas, nós erramos por dez anos em não pegar naquele momento e até antes, esse gancho que nós temos que é a pegada da conservação ambiental e nunca utilizamos isso em prol da ampliação do negócio, da ampliação e fortalecimento do Polo. Então, a idéia da Fespim é exatamente mostrar mais do que as indústrias estão produzindo que é de ultra importância para todos nós é claro, mas que o Polo Industrial de Manaus tem uma conexão de amigos, uma boa conexão com a floresta. Precisamos incorporar isso nos nossos produtos aqui, tirar a “gaivotinha” que diz : “Produzido no Polo Industrial de Manaus” e pôr, como o Coronel Menezes, inclusive, já sugeriu : “Compre os produtos porque ele conserva, ele protege a floresta”. Nós temos que caminhar no sentido de sermos mais audaciosos, mais inteligentes, mais estratégicos no que se refere a utilização dos recursos que nós temos.

E quem são os responsáveis pela Feira?

A Fespim é um evento que está sendo realizado pela Suframa e o Instituto Piatam, mas que tem a produção da Ekco Produções, do Orsine Júnior, empresário amazonense que está fazendo um excelente trabalho de captação, porque? porque não existe dinheiro público na Feira. Isso é algo que nós como Instituto, juntamente com a Ecko e a própria Suframa, por meio do Coronel, queremos mostrar que é importante e que é possível fazer uma parceria público-privada na promoção do bem estar, do bom negócio e do bem social. Nós estamos realizando a Feira e não existe nenhum recurso público por dentro desse processo e no entanto, quem vai se beneficiar com isso é o Estado, é o Polo Industrial de Manaus, é a Suframa, ou seja, somos todos nós, o país, porque a gente tem uma oportunidade agora de expandir isso.

O senhor diria que a Fespim é um marco para o Amazonas?

A Feira é o primeiro passo dentro de um processo, porque também nós não podemos cair numa zona de conforto, essa zona de conforto é: “Óh, ótimo. Fizemos a Feira, todo mundo gostou, os produtos estão aí melhorando o mercado e tal”, mas nós precisamos mostrar os aspectos positivos desse Polo Industrial de Manaus que não são necessariamente ligados à uma indústria, mas sim ao Projeto que vou chamar de “Projeto Zona Franca de Manaus”, que é na verdade, a nossa grande política de desenvolvimento, então, isso tem que ser fortalecido, isso tem que ser ampliado e mais um vez afirmo que a Suframa tem cumprido seu papel, obviamente que os outros níveis de Governo têm seu papel importante, mas a Suframa como gestora do PIM tem que ter a liderança que está tendo para poder avançar nesse processo.

O que o público pode esperar da Feira?

Serão 130 stands disponíveis, que estão sendo negociados. As grandes empresas do Polo Industrial de Manaus confirmaram presença, há tratativas sendo feitas pela Ekco para ocupação dos restantes dos stands. A nossa expectativa é que tenhamos um público de 40 mil pessoas. É muito importante dizer também que dentro do evento teremos duas atividades/ações paralelas que é um Seminário e um Colóquio. No seminário vamos contar com palestrantes que atuam na área de negócios, na área estratégica e porque vamos trazer eles? Para que possamos refletir com novas idéias ou entender as idéias que já existem e só precisamos incorporar. Teremos o Colóquio,, que é uma das atividades que eu estou com uma boa expectativa, por que nós vamos ter quatro participantes, um da Alemanha, um da Biominas, o Refael (Rafael H.R.Moreira), da Bertha Capital e mais o Fábio Calderaro do CBA (Centro de Bioeconomia do Amazonas). Nesse Colóquio vamos tentar responder a seguinte pergunta: “A Amazônia será o hub da bioeconomia mundial deste século?”, é um alvo responder essas perguntas, com todos os seus prós e contras, na forma de Colóquio com o objetivo de exatamente termos a provocação e de certa foram sairmos dessa nossa zona de conforto e pensarmos nos novos horizontes. Hoje temos a indústria 4.0, a bioeconomia, isso é importante, mas nós temos que conectar isso tudo, só que essa conexão não é simples, mas é esta conexão que vai nos deixar menos vulneráveis e nos atualizar mais a respeito das tendências mundiais.

Quais os dias que acontecerão a Fespim? E fique à vontade para fazer um convite a todos os interessados no evento

Nos dias 27, 28 e 29 de novembro. A Feira é aberta ao público, os seminários ocorrerão no mesmo momento e mesmo ambiente da Feira. Teremos também no stand do Instituto Piatam mini cursos de 15 a 20 minutos, de temas importantes, como: reciclagem, o que é bioeconomia, quais são os nosso peixes, quais são as nossas árvores, quais são os nossos produtos e outros. Estamos trabalhando nisso para que as pessoas possam ficar expostas ao assunto e ter um ambiente exatamente para enriquecer e construir essa visão diferente. Contamos com a presença de todos, uma vez que o sucesso dela depende da participação das pessoas, indústrias, empresas. Mais informações podem ser encontradas no site do Piatam (https://www.institutopiatam.org.br/) e no da Fespim (fespim.com.br)

Vamos falar agora um pouco do PIM

O PIM é um reflexo da economia nacional como um todo. Então, a situação hoje é de uma conjuntura onde há uma expectativa bastante positiva de melhora do Polo, melhora no aumento de investimentos e melhora no aumento do emprego e da renda. E diria que tão ou mais importante, é que estamos finalmente nos alertando que precisamos ampliar os nossos horizontes, ampliar nossas atividades econômicas e no sentido de que não é trocar o Polo Industrial por outra atividade econômica, mas que tenhamos ele como uma espinha dorsal, que a partir dela podemos sim diversificar para criar raízes mais fortes, ampliar e fortalecer a economia e isso obviamente tem relação com as oportunidades novas. Nesse sentido estamos falando da relação do PIM com aquilo que é a nossa base, que são os recursos naturais, da bioeconomia, do bionegócio, ou seja, isso nada mais é do que começarmos a pensar nas conexões que façam com que o Polo tenha uma relação efetivamente mais própria da sua relação com o Estado, utilizando os recursos naturais que temos aqui. Sendo assim, é óbvio que somos responsáveis e pensamos que tudo isso deve acontecer com a conservação e com a preservação da floresta, que são duas definições diferentes, porém complementares.

Essa ampliação de horizontes são novas expectativas?

Então, nesse momento em que o país está passando por um processo digamos de reestruturação, de revitalização, nós estamos passando por um processo de criação de expectativas positivas e é bom lembrar o seguinte, que em economia, tão importante quanto o preço e quantidade, expectativas têm um papel fundamental, porque as expectativas são que mudam o ânimo das pessoas e a economia em última análise é feita de pessoas. Então, tanto os empresários, as firmas, quanto os consumidores estão com uma expectativa positiva do futuro e isso obviamente favorece a visão do investimento, e com isso melhorias dos mercados, melhorias do consumo, melhorias de investimentos e isso leva à geração de emprego e renda. E Essa palavra expectativa é extremamente importante, mas ela precisa ser seguida de ações de liderança e essas ações de liderança nós estamos tendo. Temos um Governo Central que prioriza o Brasil, não é fácil, é um país complicado, é um país diverso, muito grande, continental, com importância global, com uma série de coisas, não é fácil.

E como o senhor vê a Suframa hoje?

Eu vejo a Suframa muito mais como uma agência de desenvolvimento, pelo menos deveria ser. Preciso dizer por muito tempo ela estava sendo tratada como uma superintendência de geração de emprego, algo mais ligado ao setor público, mas a Suframa hoje tem à frente um dirigente que é extremamente dinâmico, é uma pessoa que tem em primeiro lugar, além do seu dinamismo próprio, ele é uma pessoa cujo o interesse é realmente o de contribuir fortemente com o desenvolvimento do Estado, com a facilitação dos processos. A Suframa tem que trabalhar no sentido de ajudar as indústrias para que elas se instalem, facilite, que sigam as leis, mas facilite todo esse processo. Então, isso o Coronel Menezes (Coronel Alfredo Menezes), está fazendo, está conseguindo com uma rapidez bastante satisfatória e isso só retroalimenta as expectativas dos investidores, daqueles que têm direto ou indiretamente uma relação com a Suframa, e, obviamente, isso sendo retroalimentado pode criar como já está criando aquilo que a gente chama de um ciclo virtuoso, onde mais investimentos criam melhor expectativa e assim sucessivamente gerando mais empregos, renda, mais desenvolvimento. Portanto, gerando as condições que nós precisamos ter para fazer aquela ampliação que eu mencionei agora a pouco do seu fortalecimento. Então, eu não tenho a menor dúvida que esse processo todo tem muito a ver com liderança, essa melhoria que estamos tendo tem a ver com liderança e ela vem do Governo Central e para o nosso caso especificamente no caso da Suframa, a liderança que está com o Coronel Menezes.